terça-feira, 13 de agosto de 2013

É preciso aprender a viver

Anteontem, dia 11 de agosto, fizeram três anos do meu pior surto. Eu lembro muito bem daquele dia frio em que eu estava deitada na cama hospitalar, já em casa, então o fisioterapeuta chamou minha mãe e deu a notícia que eu estava com insuficiência respiratória e deveria ser levada urgentemente ao hospital. Bem debilitada, dormindo mal, esquelética e com a respiração curta, achávamos que pudesse ser devido à perda de meu pai pois ele havia falecido a pouco tempo e éramos muito ligados. Era um surto, um mês antes eu já tinha sido internada em Passo Fundo e diagnosticada com a Doença de Devic, mas o medicamento (não lembro qual naquela época) não surtiu efeito. UTI, fora a palavra de ordem e a partir daquele dia minha vida tornou-se meu maior motivo de agradecimento. Em primeiro instante fui entubada e eu já não tinha nenhum movimento do corpo, a comunicação entre eu e minha família era feita através do piscar dos olhos. Em seguida, meu pneumologista vendo a gravidade da situação, achou que a traqueostomia seria a melhor solução. Ao relembrar essa cena, vem em minha cabeça algo assustador, eu não aceitava ter de usar ventilação mecânica, mas não havia outra saída. A gastrostomia foi colocada afim de auxiliar na minha alimentação, quando eu via alguém comendo pedia que se afastassem pois meu alimento era todo via sonda e sentia muita falta de comida salgada e sólida. Saí da UTI e voltei algumas vezes num período de um mês, meu pulmão fadigava e sofri crises convulsivas, a minha visão de tudo era sempre na posição horizontal, eu conhecia os ambientes pelo teto, meu deslocamento era feito de maca. Fiz muitos amigos, pessoas que serei grata eternamente (nem todos têm essa sorte), dia 13 de outubro eu retirei a traqueostomia e é nesse dia que comemoro meu 2º aniversário, todos queriam ouvir minha voz, eu me senti livre naquele instante. Fui para Curitiba terminar o tratamento e finalmente ganhei alta. Foram quatro meses, aprendendo a dar valor ao ar, à família, aos velhos e novos amigos, ao alimento, ao movimento. Dê valor às pequenas coisas, do meu jeito foi muito dolorido. É claro que boa parte da vida só se aprende assim, mas às vezes devemos olhar um pouco para dentro de nós mesmos e agradecer!

1º passeio na cadeira de rodas e sem a traqueostomia./ A visita da minha cachorra de presente de aniversário./ A viagem para Curitiba. 

O amor de pai e minha mãe./ Uma de nossas aventuras./ Crise de risos em família.